As águas do Pedro Archanjo ainda estavam plácidas quando surgiu no horizonte a barbatana de um Megalodon; tubarão jurássico que atende pelo nome de Guga Fernandes. Guga saca do bolso uma vitrola e no volume máximo de suas válvulas ataca ferozmente a multidão com um groove pesado e dançante. Especialmente releituras de clássicos como “Deus lhe Pague” de Chico Buarque e “Odara” de Caetano Veloso, transformando a MPB em “Música Prapular Brasileira”. A Vitrola Baiana trouxe para o Sambadaço a mesma carga com a qual já se apresentou em grandes festivais como o de Igatu, Flow Festival, Festival Hype, Festival Primavera, Biergarten e Festival da Cidade. Os irmãos Guga Barbosa na voz e Marcelo Costa no baixo e programações; além de Raoni Maciel na guitarra, Jadson Baldoíno e Gabriel Santana na percussão; mostraram força e vitalidade, e as novidades do segundo álbum que será lançado este ano.
Quando o Samba do Vai Kem Ké subiu no palco do Sambadaço já não se via chão naquele enxame de gente. Poucos acreditavam que naquelas circunstâncias seria possível o surgimento de rodas de samba, mas o público não decepcionou. A mecânica dos corpos se desenvolvia em tamanha sincronicidade e entrelaçamento que não houve partícula que não se comportasse como onda e até aqueles que estavam parados; sambaram. Por tudo aquilo que foi visto no Sambadaço, além de resgatar o Samba Duro, o Samba Junino e o Samba de Roda, teve gente que saiu do Pelourinho acreditando que o Vai Kem Ké inventou o Samba Quântico. As sambadeiras puxavam sucessos como “Chapéu de Palha”, “Água na Latinha”, “Varro o Tapete” e, lógico, a já consagrada Leva o Carro. O maestro Augusto Conceição, grande idealizador daquela festa de caboclo, flutuou naquele caldeirão de gente fervente. Na ponta da língua, a palavra de ordem: “Eu vim aqui pra sambar!”.
Ficha:
O quê: Sambadaço, com Samba do Vai Kem Ké e Vitrola Baiana
Quando: sábado (4 de janeiro), a partir das 19h
Onde: Largo Pedro Archanjo (Pelourinho)
Quanto: Entrada gratuita
Sambadaço faz parte da programação do Projeto Pelô da Bahia, que integra a estrutura do Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI/Secretaria de Cultura do Estado da Bahia) na promoção da diversidade cultural, de forma acessível ou gratuita, nos espaços culturais do Pelourinho.