Extraforte!


Sábado (26/03/22) de lotação esgotada, no Largo Quincas Berro d’Água, para o Projeto “Mais Humano”, da banda Vitrolab. Entre os convidados de honra, o DJ angolano Fábio Lima, que costurou as passagens entre as atrações exigindo o máximo de Kuduro do público; e a Orquestra de Cumbia Sonora Amaralina, que fez um show de abertura revigorante para a porrada que se seguiu: o Vitrolab. Foram semanas intensas de divulgação, com entrevistas e tudo mais, mas nada supera a visão de um mar de pessoas clamando por sua música. E o Vitrolab bateu forte, com suas letras críticas e reflexivas, embaladas pela batida pesada dos irmãos Barbosa. Digam adeus ao antigo Vitrola Baiana. O Vitrolab vai plantar a sua granja!


Para um DJ o público é uma espécie de partitura que ele lê, interpreta e para qual ele toca sua set list. Enquanto seleciona efeitos e músicas, o DJ observa o grupo, identifica os subgrupos e busca as reações de cada pessoa aos efeitos das dopaminas e adrenalinas sonoras que ele dispõe em seu laptop. Se imagine agora no lugar do DJ Fábio Lima, com a multidão que socou o Largo Quincas Berro d’Água, como partitura para ler, interpretar e fazer música, através das músicas. 






Muito mais que um curador musical, o DJ é um mestre de cerimônia que conduz o público ao êxtase. E sem cerimônia alguma, o DJ Fábio Lima conduziu o público do “Mais Humano” ao entorpecimento sincopado dos ritmos africanos. Mas ele tem um ás na manga! Kuduro. As batidas rápidas e frenéticas do Kuduro são a vitrine de Angola, terra natal de Fábio Lima, e cai muito bem ao gosto do baiano. E de cima do palco, vendo aquela multidão aos seus pés, Fábio Lima não pensou duas vezes. Desceu pra se juntar à massa, já em êxtase!







Cumbia é um patrimônio imaterial da Colômbia que mistura raízes indígenas e africanas para produzir música. Talvez, ou justamente por isso, a cumbia soa muito bem aos ouvidos baianos. Soa quase como um ijexá, mas com um sotaque diferente. A percussão nos coloca em um trote curto, enquanto os metais floreiam e ditam a marcha que damos aos nossos corpos enquanto dançamos. E a Orquestra de Cumbia Sonora Amaralina ditou o ritmo do público na abertura do “ Projeto Mais Humano”, com seu repertório autoral e releituras do tradicional colombiano.







Mas o que diabos uma orquestra de cumbia foi parar em Amaralina? A ideia da Sonora Amaralina surgiu de um argentino, Matias Traut, que juntou chileno, uruguaio e até baianos para se enveredar pela cumbia, com muita percussão e metais como trombones, saxofones, trompete e uma clarineta que é um charme. Com raízes tão próximas às nossas, dançar a cumbia é um relaxamento para os pés e ouvidos do baiano. Ainda mais cantando em castelhano. Clandestino, de Mano Chao, ficou uma delícia sob a fragrância da cumbia. E para burlar la ley, marihuana ilegal.








Foi difícil dar adeus à babilônia com o Projeto Mais Humano no som do VitrolaB, no Largo Quincas Berro d’Água. Parecia até a ressaca do Vitrola Baiana do Carnaval de 2020, de tanta gente socada dentro de uma praça. Guga e Marcelo passaram todo período da pandemia matutando sobre a vida. E de tanto matutar, fizeram um um novo som do jeito que o baiano gosta, e do jeito que o Vitrolab quer. O sócio groove, com batidas afro baianas do VitrolaB, tá lá, registrado em bits e beats de cada música disponibilizada pelas plataformas musicais. Mas ao vivo, é outra coisa!









Ao vivo, a porrada que vem da tríade formada pelos irmãos Guga (voz e guitarra) e Marcelo Barbosa (voz, baixo e programações) e Milton Batata (percussão) bate nos peitos e sacode o juízo. Adeus Babilônia foi tocada logo de cara, pra fazer borbulhar o caldeirão que explodiu com Odara, misturando sucessos antigos com a nova safra musical. Mais Humano é um projeto temático, são as reflexões do período de isolamento, principalmente para você que vive batendo Cabeça, com Ouro Pouco no bolso, querendo um mundo mais Solar, em meio a tanta Fake news nesta nossa vida Soteropolitana. O Vitrolab é extraforte!










O Projeto Mais Humano, com Vitrolab, Orquestra de Cumbia Sonora Amaralina e Dj Fábio Lima, é um patrocínio da Bahiatursa que faz parte da programação do Projeto Pelô da Bahia, que integra a estrutura do Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI/Secretaria de Cultura do Estado da Bahia) na promoção da diversidade cultural, de forma acessível ou gratuita, nos espaços culturais do Pelourinho.


Riane Mascarenhas (Pali Fem)









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